19/04/2009

Revista 'Pública' deste domingo

"O que sei sobre as mulheres", por Ana Sousa Dias, a partir de uma conversa com Fernando Alvim

Peço desculpa se é um lugar--comum, mas sei muito pouco sobre as mulheres.
São mais racionais do que os homens, menos imprevisíveis. O grande problema dos homens é serem traídos pela testosterona, muitos perderam a cabeça por causa disso. Não sei explicar às leitoras que possam estar a ler isto. Se vocês soubessem o que é a testosterona, compreenderiam melhor os homens. Um homem é capaz de andar
400 quilómetros até Bragança se a testosterona estiver a dar sinal, coisa que para uma mulher é impensável. Há muitas histórias, bíblicas até, em que os homens acabam sem cabeça porque os exércitos, maioritariamente constituídos por homens, faziam avançar uma miúda ousada e ele acabava por cair.
Uma mulher facilmente consegue seduzir um homem, bastando-lhe às vezes aparecer, enquanto para um homem é sempre mais difícil. Se fosse uma mulher, eu era difícil, para me levarem para a cama, era preciso darem-me bem a volta. Os homens têm por hábito dizer "se eu fosse mulher, era uma puta", e eu não.
As mulheres sabem de antemão se se vão deixar levar. Já escolheram. Um homem é pouco discreto, quando está apaixonado é exibicionista, é capaz de dizer a todos "estou completamente doido por aquela miúda", enquanto as mulheres são muito reservadas, até para a pessoa em causa. Por mim, uma mulher pode ser completamente fácil, desde que eu goste dela. O timing é fundamental. Há pessoas que se fazem tão difíceis, acham-se tão especiais que o timing entretanto passa... Tem de haver um grau de exigência, somos especiais e por isso somos exigentes. Mas não pode ser assim tanto. As pessoas com um grau de exigência tão grande acabam por fazer amor sozinhas, acabam por se tocar sozinhas, com o seu corpo magnífico, apenas e só para elas. Se calhar até preferem, não sei, mas foi com isso que ficaram. É um tremendo egoísmo. O corpo existe para ser partilhado - foi uma frase que inventei agora mas acho que é boa.
O que me atrai numa mulher é a personalidade. Gosto que saiba o meu nome completo, é fundamental: Fernando António Ribeiro de Alvim, o "de" é muito importante. Vejo logo se uma mulher me ama se ela sabe de imediato o meu nome completo.
Quando um homem arruma a casa, com toda a boa vontade e competência, nunca fica da mesma maneira, a mulher tem um toque especial. Se construirmos uma casa em tijolo, vai ser melhor do que a de uma mulher. Isto não é preconceito nenhum, há actividades que nós crescemos a saber fazer. É como Portugal a jogar hóquei em patins - é natural que a Suíça ainda demore muitos anos até ficar aveludada, se é que vai chegar lá. Temos uns anos de avanço de hóquei em patins. Com os homens é o mesmo em relação às mulheres, a passar a ferro se calhar também não somos tão bons, ainda nos faltam uns anos valentes. Eu adoro cozinhar, é um prazer que não dispenso.
Adoro mulheres, são um ser bípede fora do normal. A forma como se movem, se soubessem como são engraçadas... Ninguém corre como elas, às vezes são desengonçadas e isso torna-as muito cómicas. Tive uma namorada que sempre que corria eu chorava a rir, às vezes tentava fazer com que ela corresse atrás de mim, só para a ver correr e só para chorar a rir e depois ela apanhava-me porque eu me deitava no chão a rir.
Já encontrei várias vezes a pessoa de quem gosto, mas nunca era a mesma. Podia ser considerado uma falência emocional, podia pensar que todas as minhas relações falharam, mas eu acredito que é uma opção de vida que merece tanto respeito como outra qualquer. Se calhar não fui feito para viver numa relação estável, ter filhos e casar. Os meus casos são sempre casos sérios, fico muito envolvido, mas elas sabem que dificilmente se passará a outra fase. Quando gosto, gosto de uma forma muito intensa. Mas preciso de liberdade individual e gosto de dar essa liberdade à outra pessoa.
Não gosto de mulheres-mães e nunca entendi a história de "a minha mãe é a minha melhor amiga". A melhor amiga deve ser uma amiga mesmo. Mãe é mãe e gosto muito da minha. Já a tenho, para que é que quero outra?
Gosto de mulheres muito espertas, de rápida reacção, gosto de mulheres duras, de firme personalidade. Gosto de uma mulher que perceba imediatamente que, se eu levar o telemóvel para a casa de banho, estou a fazer algo de errado. Não sou mentiroso mas gosto de ser aldrabão, usando o humor. Ela rapidamente percebe que eu estou a mentir porque uso o exagero e o exagero é a denúncia da mentira. Não fui nenhum santinho, mas nunca tive uma namorada tonta. Ela tem de ter uma personalidade muito forte, isso para mim é muito excitante.

06/04/2009

Equilíbrio

Sempre me tive como equilibrada. Com laivos de alguma palermice, mas gosto de dar cores a tudo o que faço. Mas, apesar de tudo, gosto de medir as circunstâncias das situações em que me envolvo. 

Parece tudo muito complicado, mas vou repetir o que disse há uns tempos: na minha cabeça, faz sentido.

Gosto de me sentir esclarecida e de conhecer todos os lados, todas as perspectivas. 
Gosto de pesar prós-e-contras. 
Gosto de se sentir segura no momento de tomar decisões. 
Gosto de trabalhar sobre hipóteses.

E, chego à conclusão, que, às vezes, talvez seja esse o meu problema. Um dia destes, alguém me disse que tinha de me distanciar um pouco mais das emoções. E, sei que isso é uma hipótese que não se coloca, naquela situação em concreto. Pode parecer chocante mas gosto de tudo o que a paixão acarreta.

Apesar de ser, teoricamente, equilibrada, gosto de me sentir feliz, mas miserável ao mesmo tempo, porque sei que é algo que passa rápido. Este fim-de-semana, li (na diagonal, confesso) uma reportagem sobre o amor/paixão. A pessoa que estava comigo disse que acreditava naquele tipo de amor que dura para sempre. No amor que nasce e se prolonga por muitos anos. No amor que se observa nos idosos de mão dada. Pensei para comigo: "Isso nasce de algum lado. Porque não aqui e agora?".

Apesar de ser, teoricamente, equilibrada, gosto de pensar com o coração, porque, por norma, está em consonância com a minha outra parte: a racional. E, mais uma vez, pode parecer chocante, mas tudo o que digo e faço, faço-o em consciência. E quando digo que quero apostar numa certa pessoa... levem-me a sério.