22/03/2009

"Não há maneira de disciplinar o coração"

Foi o que a M me disse hoje. E vi-me forçada a concordar. Consegui aprender a controlar os meus impulsos, que ainda eram demasiado juvenis, numa tentativa de chegar mais perto dele sem o assustar.

Consegui disciplinar-me e aprendi uma nova palavra: paciência. Quando se gosta de alguém também é preciso ter uma dose de paciência para ouvir e agir no momento certo. Queria, só por uma vez, que as coisas dessem certo e tentei fazer o mais correcto. 

Só não consegui disciplinar o coração. Chego à conclusão que o coração não é só aquela coisa que bombeia o sangue para o resto do corpo, permitindo-nos viver. O coração também não é aquela coisa cor-de-rosa que aparece nos cartazes de cinema, que anunciam a próxima xaropada lamechas. Há mais coração para além disso. 

Entreguei-lhe o meu coração. Não está numa caixa prateada com um enorme laço, como se se tratasse de um embrulho de Natal. Está numa embalagem pequenina, cercada de pessoa por todos os lados. Mas é todo dele, mesmo estando minúsculo de saudades. 

7 comentários:

Anónimo disse...

Fizeste-me sorrir e muito a ler o post. Em parte porque eu também dei e continuo a dar o meu coração a alguém, assim como tu, de uma maneira indisciplinada, simples e total. Por outro, por causa dos meus impulsos, que eu pensava estarem tão bem controladinhos pelo meu pensamento, pelos meus "tem que ser"... Foram esses mesmo impulsos que me "traíram" e, sem "xaropadas lamechas" nem coraçõezinhos cor de rosa.
Como me disseste uma vez... Medo de quê?... ;)

Cristina disse...

Há muito tempo que não me sentia tão vulnerável, mas, ao mesmo tempo, tão forte e confiante. Percebes?

Anónimo disse...

Percebo, pois. Muito bem até. Às vezes há sentimentos tão fortes que é quase assustador, porque o nosso coração, como dizes, não está connosco e isso deixa-nos "a descoberto", vulneráveis. E a confiança ao mesmo tempo, por um lado, ainda aumenta essa vulnerabilidade. Mas como não há maneira nenhuma de disciplinar o coração, sobretudo quando ele já não é nosso... É sentir tudo de cabeça erguida. E acredito que daí nasça um sorriso daqueles que fazem com que tuda valha a pena...

Cristina disse...

E quando só tenho vontade de chorar, porque ele não está aqui para ver esse sorriso tão feliz?!

Anónimo disse...

Espera-se... Porque há pessoas por quem vale sempre a pena esperar. São as que sabemos que voltam... E, nos entretantos, ficamos felizes por termos quem nos dê um sorriso assim.

Cristina disse...

Todas as manhãs, em Leiria, passo por um outdoor que diz apenas "Faz tudo como se alguém te contemplasse". A frase é atribuída a Epicuro.

E sigo-a à letra. Todos os dias, actuo como se ele me aparecesse à frente a qualquer instante. E para tal mostro-me sempre no máximo esplendor. Em casa, sozinha, à noite, tudo é diferente.

Paulo Lontro disse...

Mesmo com "a vida cheia de pequenos momentos"... há sempre espaço para o que sentes, sendo que a alma também fica cheia e os momentos talvez não sejam assim tão pequenos...