Todos conhecem a história. Não vale a pena gastar energias a relembrá-la. Eu sempre fui o "Patinho Feio". Ou pelo menos assim me julgava: a miúda baixinha, de aparelho, com borbulhas, que apesar de não ser (muito) gozada pelos colegas, era quase sempre a última escolha.
Lembro-me que, durante a minha adolescência, as Spice Girls estavam na berra. Na minha turma, criámos um grupinho de 5 raparigas que imitavam as Spice. Eu era a Sporty Spice - a menos exuberante das cinco. Aquela que ficava lá atrás, porque não usava mini-saias, só ténis e fato-de-treino.
Não o confesso publicamente para que tenham pena de mim e me digam "Qual quê, Cris?! Isso era dantes". Faço-o para que conheçam um bocadinho mais desta que vos escreve.
Esteticamente, ficava aquém daquilo que pensava ser o ideal. Queria ser mais alta e tão bonita como as minhas amigas. O pior é que não também nem sequer era a mais inteligente. Terminei o 9.º ano e respirei de alívio: podia recomeçar. E correu bem. Cresci... passei dos 15 anos aos 17/18 num abrir e fechar de olhos. Namorei e namorisquei. Comecei a gostar de me ver ao espelho. Tornei-me mais alegre e divertida. Alguns rapazes mais velhos reparavam em mim. E aquilo fazia-me sentir bem.
Acabei o 12.º ano e respirei de alívio: podia testar-me num ambiente mais adulto. E correu bem. Passei dos 18 anos aos 22 num novo piscar de olhos. Namorei. Já não dispensava o espelho, apesar de não ser refém dele. Continuei a ser a engraçadinha de serviço quando tudo o resto falhava. Era um motor que só parava na hora de dormir. Uma fonte de energia. Os homens reparavam em mim e viravam a cabeça à minha passagem. E não era, de todo, desagradável.
Acabei a faculdade. Foi um dia feliz. Respirei de alívio: mais uma meta alcançada, mais uma etapa cumprida... estou a crescer. Mesmo! Continuei a ser a mesma miúda baixinha. Desta vez, sem aparelho. Já não me sinto o "Patinho Feio". Mas também não me vejo como o cisne deslumbrante da história. Sem ter problemas de auto-estima, sou normal. Sou a Cristina. A miúda baixinha que, hoje, veste calções pelo joelho e All-Star verdes. E amanhã... amanhã, quem sabe? Uma saia preta e sapatos de salto vermelhos? Uns calções de ganga e havaianas rosa? Quem sabe? Só sei que continuarei a aprender... e a crescer!
15/06/2008
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14 comentários:
Cristina:
Adorei este teu texto, muito inspirador. Sabes que também já tive essa "sindrome do patinho feio"?
Beijos
Oh o patinho feio....quem nunca pelo menos se sentiu assim......
Lindo texto....demonstraste muita maturidade ao falares do teu passado com esse à vontade :D
Bjocas
Sabine, acho que acabamos todos por passar por fases assim: a adolescência é tramada!
Calvin, temos de saber olhar para trás com frieza e espiríto analítico, para não nos deixarmos influenciar no nosso presente e futuro. Imagina que eu era uma tonta influenciável?!
Beijooosss
Sabes que mais? Continua a seres a "Tininha" que eu aprendi a gostar, após tanta troca de palavras...
Estás muito bem assim...gira, bonita, bem disposta, interessante, inteligente, etc, etc, etc...
Estás muito bem assim, de facto...!
Beijoka grande
;)
1 menina multifacetada
:)
Ora nem mais...assim cd dia é ou poderá ser 1 surpresa
:)
Horinhas, nem eu consigo ser de outra maneira. A Tininha que conheces (bem ou mal) é e será sempre desta maneira.
Bombocaa, quando eu chegar aos 30 anos, voltamos a conversar! Não consigo é acomodar-me! :)
Beijoooossss
Ui...que queres dizer com "quando chegar aos 30?"
Olha eu ja cheguei aos 33...achas q mudou alguma coisa?! nah...isso são balelas
:P
Bombocaa, sempre tive a sensação que a partir dos 30, as mulheres tornam-se muito mais seguras e mais esclarecidas. Têm uma confiança diferente do que na casa dos 20.
Kiss
ah sim...nisso sem dúvida.tornamo-nos mais fortes...
:)
kissinho
O sindroma de Patinho Feio, todos temos. O meu, conto-te um dia. Mas posso dizer que, durante uns tempos, andei de óculos (mas agora tenho lentes). E tinha fama de "nerd"...
Vou-me identificando com bocadinhos desta tua historia...também eu em tempos fui o Patinho Feio e hoje me dia tudo ultrapassado...sinto-me bem na minha pela e por ter conseguido mostrar realmente quem era debaixo da timidez que foi desaparecendo a olhos vistos.
Pall Mall, na altura, usar óculos também era potencialmente traumatizante.
Silvia e sentirmo-nos bem, faz com que os outros também nos vejam de forma diferente. Sempre fui meio calada, mas depois "destranquei a mola" e... olha... até hoje!! :D
Beijoooossss
Acho que passamos todos por essa fase. Olha eu era mais ter mais 10 cm do que a maioria dos meus colegas e ser tão magra que tinha a alcunha de olivia palito. Mas depois com o tempo isso provou ser de grande vantagem :)
Joaninha, a adolescência pode ser terrível. Mas depois há a parte boa: crescemos depressa e passa (mais ou menos) rápido!
Beijoooossss
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